Corpus version C2.1.0
Tres publicações, afóra a nossa, nasceram ha pouco para a pretensão de serem lidas.
Uma é a «revista de arte» Teatralia
Gente Moça
O Talassa
Unjamo-las do nosso acolhimento.
A primeira é especialmente adoravel.
É proveniente da iniciativa dos alunos da Escola da Arte de Representar. E é ante-simpatica ao mero ainda-não leitor dela porque nos enreda logo com uma vantagem ― que os alunos da dita escola emquanto escrevem não representam.
O conhecimento da revista é, porém, um pouco ensombrador desta vantagem antevista. É talvez, e apezar de tudo, melhor que os alunos representem.
Não queremos dizer com isto que a Teatralia
Com tolerancia pre-estabelecida, porém, sempre se ha de conseguir elogiar. Vamos que um ou outro dos colaboradores mostra esperanças de envelhecer para inteligente.
O Aluno Castro
ensina. É preciso mais
leveza, mais cingir de perto a alma do assunto, mais poder
vibrante de interessar e comunicar. E o modo-de-expor do sr.
O aluno
Ha um artigo sobre «marcação», do aluno
As diferentes portas ou aposentos são
designados por letras, e algumas vezes, E ― quer
dizer esquerda, D ― direita, F ― fundo, B ―
baixa e A ― alta.
Os alunos
Uns cachos de uvas na capa da revista parecem-nos insuficientemente dionisiacos por desvergonhadamente da fundição da Imprensa Nacional.
A revista do Porto Gente Moça
Porto Medico.
Mas como literatura aquilo é tão nada que o
melhor seria dizer sobre ele, calando-nos, tanto quanto ele
vale. Para dizer alguma cousa porém note-se que nesta
revista se fazem córtes á materia a publicar, como se fosse
num
O semanario O Talassa
É uma publicação perfeitamente inoffensiva
A cousa que tem de mais flagrantemente
interessante é a blague da sua
confecção. É a de os desenhos serem feitos pelo sr.
Tem duas outras novidades interessantes, como
seja a de descobrir para assunto de piada que o sr.
Desejamos ás três publicações as prosperidades que merecem.
Três publicações, afora a nossa, nasceram há pouco para a pretensão de serem lidas.
Uma é a «revista de arte» Teatrália, outra a de «literatura e arte» Gente Moça, e há também um
periódico O Talassa, semanário, ao
que parece, e humorístico, consoante, por analogia de aspeto
com outras publicações do parece-que-mesmo género, feitas aí
por 1880, sem grande dificuldade se conclui. A primeira e a
terceira destas consequências de Gutenberg adornam Lisboa;
pela segunda é responsável o Porto.
Unjamo-las do nosso acolhimento.
A primeira é especialmente adorável.
É proveniente da iniciativa dos alunos da Escola da Arte de Representar. E é antessimpática ao mero ainda-não leitor dela porque nos enreda logo com uma vantagem — que os alunos da dita escola enquanto escrevem não representam.
O conhecimento da revista é, porém, um pouco ensombrador desta vantagem antevista. É talvez, e apesar de tudo, melhor que os alunos representem.
Não queremos dizer com isto que a Teatrália se imponha como má. Mas
tem claras pretensões a sê-lo. Não há dúvida que temos de
nos apear para a tolerância. Revista de pré-atores, não lhe
podemos querer encontrar instinto literário ou intuição
artística. Mas — que diabo! — eles não são atores ainda.
Sempre se podia esperar que nos dessem alguma coisa de
circunlegível.
Com tolerância pré-estabelecida, porém, sempre se há de conseguir elogiar. Vamos que um ou outro dos colaboradores mostra esperanças de envelhecer para inteligente.
O Aluno F. Adolfo Coelho, por exemplo,
oferece-nos um estudo que revela um grave conhecimento pelo
menos de algumas passagens dos trágicos gregos e de uns
coros da Castro de António Ferreira.
Se é ainda muito novo, talvez venha a conseguir, com o
deixar de ser muito novo, alguma coisa em matéria de
exposição erudita. Por enquanto vê-se bem a sua
inexperiência nisto de transmitir erudição. Porque não é
assim que se ensina. É preciso mais
leveza, mais cingir de perto a alma do assunto, mais poder
vibrante de interessar e comunicar. E o modo-de-expor do sr.
F. A. Coelho dá-nos a impressão de nos estarem esfregando
nas costas
O aluno Manuel de Sousa Pinto (cujo nome nos não soa desconhecido) distribui uns raciocínios um pouco pálidos mas interessantes por páginas que sofrem duma lamentável incompatibilidade pessoal entre o gravador e o impressor.
Há um artigo sobre «marcação», do aluno
António Pinheiro. Incompetentes para saber se ele é bom ou
mau, limitamo-nos, para dar ideia do seu
As diferentes portas ou aposentos são
designados por letras, e algumas vezes, E — quer
dizer esquerda, D — direita, F — fundo, B —
baixa e A — alta.
Os alunos Júlio Dantas, Luís Barreto e Bento Mântua também navegam nestas águas. Os dois últimos têm transbordo para o número seguinte.
Uns cachos de uvas na capa da revista parecem-nos insuficientemente dionisíacos por desvergonhadamente da fundição da Imprensa Nacional.
A revista do Porto Gente
Moça não tem por onde se lhe queira pegar. No
entanto não é desagradável folheá-la. O caso é não a ler.
Motiva a ausência de desagrado um artista que nela colabora,
inevitavelmente anónimo. É o chefe da Tipografia do Porto Médico.
Mas como literatura aquilo é tão nada que o
melhor seria dizer sobre ele, calando-nos, tanto quanto ele
vale. Para dizer alguma coisa porém note-se que nesta
revista se fazem cortes à matéria a publicar, como se fosse
num
O semanário O Talassa
faz lembrar um pouco Bordalo Pinheiro, pela modernidade.
É uma publicação perfeitamente inofensiva
A coisa que tem de mais flagrantemente
interessante é a blague da sua
confeção. É a de os desenhos serem feitos pelo sr. Crispim e
a prosa pelo sr. Jorge Colaço, como sem custo se deduz dum
exame perspicaz deles e dela.
Tem duas outras novidades interessantes, como seja a de descobrir para assunto de piada que o sr. Brito Camacho é porco, e a de iniciar, com respeito ao sr. António José d’Almeida, um novo género de caricatura, que consiste em nos fazer crer que aquele político não é parecido consigo próprio.
Desejamos às três publicações as prosperidades que merecem.