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O Menino da Sua Mãe

Fernando Pessoa

Contemporânea 1, maio de 1926, p. 47.

O ʺNotíciasʺ Ilustrado, 11 de Novembro de 1928, p. 7.

Cancioneiro do 1º Salão dos Independentes, 1930, p. 21.

  • O MENINO DA SUA MÃE

    No plaino abandonado
    Que a morna brisa aquece,
    De balas traspassado —
    Duas,Notícias, 1928:— Duas de lado a lado —,Notícias, 1928:
    Jaz morto, e arrefece.
    Raia-lhe a farda o sangue.
    De braços estendidos,
    Alvo, louro, exangue,
    Fita com olhar langue
    E cego os céus perdidos.
    Tão jovem! que jovem era!
    (Agora que idade tem?)Notícias, 1928:Agora que edade tem?
    Filho único, a mãe lhe dera
    Um nome e o mantivera:Notícias, 1928:
    «O menino da sua mãe.»
    Caiu-lhe da algibeira
    A cigarreira breve.
    Dera-lhʼaCancioneiro, 1930:lhe a mãe. Está inteira
    E boa a cigarreira.
    Ele é que já não serve.
    De outra algibeira, alada
    Ponta a roçar o solo,
    A brancura embainhada
    De um lençoNotícias, 1928:Do lenço... Deu-lhʼo a criada
    VelhaNotícias, 1928:, que o trouxe ao colo.
    Lá longe, em casa, há a prece:
    «Que volte cedo, e bem!»Cancioneiro, 1930:Que volte cedo, e bem!
    (Malhas que o lmpério tece!)
    Jaz morto,Cancioneiro, 1930: e apodrece,Cancioneiro, 1930:
    O menino da sua mãe.

    FERNANDO PESSOA

    Poema publicado em Contemporânea, Maio de 1926, O ʺNotíciasʺ Ilustrado, 11 de Novembro de 1928 e em Cancioneiro do 1º Salão dos Independentes, 1930. Na primeira republicação encontram-se diferenças de pontuação e ortografia, assim como uma variante do início do quarto verso da penúltima estrofe. A segunda republicação apresenta apenas diferenças de ortografia e pontuação face à primeira publicação. Apresentamos as imagens das três publicações. O texto fixado segue, em termos substantivos e de pontuação, o da primeira publicação.
  • O MENINO DA SUA MÃE

    No plaino abandonado
    Que a morna brisa aquece,
    De balas traspassado —
    Duas,Notícias, 1928:— Duas de lado a lado —,Notícias, 1928:
    Jaz morto, e arrefece.
    Raia-lhe a farda o sangue.
    De braços estendidos,
    Alvo, louro, exangue,
    Fita com olhar langue
    E cego os céus perdidos.
    Tão jovem! que jovem era!
    (Agora que idade tem?)Notícias, 1928:Agora que idade tem?
    Filho único, a mãe lhe dera
    Um nome e o mantivera:Notícias, 1928:
    «O menino da sua mãe.»
    Caiu-lhe da algibeira
    A cigarreira breve.
    Dera-lhaCancioneiro, 1930:lhe a mãe. Está inteira
    E boa a cigarreira.
    Ele é que já não serve.
    De outra algibeira, alada
    Ponta a roçar o solo,
    A brancura embainhada
    De um lençoNotícias, 1928:Do lenço... Deu-lho a criada
    VelhaNotícias, 1928:, que o trouxe ao colo.
    Lá longe, em casa, há a prece:
    «Que volte cedo, e bem!»Cancioneiro, 1930:Que volte cedo, e bem!
    (Malhas que o lmpério tece!)
    Jaz morto,Cancioneiro, 1930: e apodrece,Cancioneiro, 1930:
    O menino da sua mãe.

    FERNANDO PESSOA

    Poema publicado em Contemporânea, Maio de 1926, O ʺNotíciasʺ Ilustrado, 11 de Novembro de 1928 e em Cancioneiro do 1º Salão dos Independentes, 1930. Na primeira republicação encontram-se diferenças de pontuação e ortografia, assim como uma variante do início do quarto verso da penúltima estrofe. A segunda republicação apresenta apenas diferenças de ortografia e pontuação face à primeira publicação. Apresentamos as imagens das três publicações. O texto fixado segue, em termos substantivos e de pontuação, o da primeira publicação.