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Natal

Fernando Pessoa

Contemporânea 6, dezembro de 1922, p. 88.

  • Natal

    Nasce um deus. Outros morrem. A Verdade
    Nem veiu nem se foi: o Erro mudou.
    Temos agora uma outra Eternidade,
    E era sempre melhor o que passou.
    Cega, a Sciencia a inutil gleba lavra.
    Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
    Um novo deus é só uma palavra.
    Não procures nem creias: tudo é occulto.

    FERNANDO PESSOA

  • Natal

    Nasce um deus. Outros morrem. A Verdade
    Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
    Temos agora uma outra Eternidade,
    E era sempre melhor o que passou.
    Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
    Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
    Um novo deus é só uma palavra.
    Não procures nem creias: tudo é oculto.

    FERNANDO PESSOA