Tenente Theophilo Duarte
Os jornaes diarios reproduziram ― o Diario de Noticias quasi na integra ― as palavras admiraveis que o tenente Theophilo Duarte pronunciou: no seu julgamento. Dispensamo-nos, porisso, de as reproduzir novamente; mas não podemos deixar de a ellas fazer uma, ainda que ligeira, referencia.
Num momento da vida patria, em que todas as forças de dissolução e de desnacionalização se agglomeram em torno ao estandarte que não teem, consola e orienta ver como a chamma antiga não está de todo extincta, e que aquella lealdade attribuida aos portuguezes não é de todo um mytho ou uma cousa que passou.
Sem mysticismo nacional, sem o instincto militar da Patria, nenhuma nação vive, ou tende para a grandeza, que outro não é, para uma nação verdadeira, o sentido da mera palavra «viver». «Viver uma vida honesta e honrada» de «nação livre e laboriosa», é, como ideal social, a ultima das abjecções. A modestia, o apagamento, o não-querer-estorvar-os-outros, podendo ver virtudes na vida individual, são os vicios ultimos na vida dos paizes. Toda a nação verdadeira é um imperio em tendencia; e todo o imperialismo é um mysticismo militar e nacional.
Todos quantos affirmem, no seu estado enthusiasta e mystico, as virtudes militares, as virtudes de lealdade para com o Chefe eleito pelo Destino, ainda que a Morte o haja affastado de nós, são ensinadores de nacionalismo, pontos de concentração de esperança, antemanhãs de resurgimento e de salvação.
São estas as considerações que nos suggerem as palavras altivas, que, por occasião do seu julgamento, o tenente Theophilo Duarte pronunciou. Que haja muitos que não comprehendam estes commentarios, é cousa que nos não importa; esses tambem não comprehendem Portugal.
O resto, dil-o-ha o futuro.