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O Penúltimo Poema

Alberto Caeiro

Presença 31-32, março de 1931, p. 10.

  • O Penúltimo Poema

    Também sei fazer conjecturas.
    Há em cada coisa aquilo que ela é que a anima.
    Na planta está por fora e é uma ninfa pequena.
    No animal é um ser interior longínquo.
    No homem é a alma que vive com êle e é já êle.
    Nos deuses tem o mesmo tamanho
    E o mesmo espaço que o corpo
    E é a mesma coisa que o corpo.
    Porisso se diz que os deuses nunca morrem.
    Porisso os deuses não têm corpo e alma
    Mas só corpo e são perfeitos.
    O corpo é que lhes é alma
    E têm a consciência na própria carne divina.

    ALBERTO CAEIRO

  • O Penúltimo Poema

    Também sei fazer conjeturas.
    Há em cada coisa aquilo que ela é que a anima.
    Na planta está por fora e é uma ninfa pequena.
    No animal é um ser interior longínquo.
    No homem é a alma que vive com ele e é já ele.
    Nos deuses tem o mesmo tamanho
    E o mesmo espaço que o corpo
    E é a mesma coisa que o corpo.
    Por isso se diz que os deuses nunca morrem.
    Por isso os deuses não têm corpo e alma
    Mas só corpo e são perfeitos.
    O corpo é que lhes é alma
    E têm a consciência na própria carne divina.

    ALBERTO CAEIRO