English|Português|Deutsch

Gládio

Fernando Pessoa

Cancioneiro do 1º Salão dos Independentes, 1930, pp. 21-22.

  • [21]

    GLADIO

    ao Alberto Da Cunha Dias.
    Deu-me Deus o Seu gladio, porque eu faça
    A sua santa guerra.
    Sagrou-me Seu em genio e em desgraça
    Ás horas em que um frio vento passa
    Por sôbre a fria terra.
    [22]
    Poz-me as mãos sôbre os hombros, e dourou-me
    A fronte com o olhar;
    E esta febre de Além, que me consome,
    E este querer-justiça são Seu nome
    Dentro em mim a vibrar.
    E eu vou, e a luz do gladio erguido dá
    Em minha face calma.
    Cheio de Deus, não temo o que virá,
    Pois, venha o que vier, nunca será
    Maior do que a minha alma!

    O poema ʺGladioʺ foi publicado anteriormente em ʺAlguns Poemasʺ (Sacadura Cabral, Gladio, De um Cancioneiro), Athena, n.º 3, Dezembro de 1924, pp. 81-88. Para além de diferenças ortográficas, esta publicação apresenta a correção de uma gralha da primeira, lendo-se no início do terceiro verso da segunda estrofe ʺE esta febre de Alémʺ. Foi também incluído no livro Mensagem (Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934), sob o título ʺD. Fernando, Infante de Portugalʺ, com diferenças ortográficas, de pontuação e ao nível do emprego das maiúsculas, lendo-se no terceiro verso da primeira estrofe ʺem honraʺ em lugar de ʺem genioʺ.

  • [21]

    GLÁDIO

    ao Alberto Da Cunha Dias.
    Deu-me Deus o Seu gládio, porque eu faça
    A sua santa guerra.
    Sagrou-me Seu em génio e em desgraça
    Às horas em que um frio vento passa
    Por sobre a fria terra.
    [22]
    Pôs-me as mãos sobre os ombros, e dourou-me
    A fronte com o olhar;
    E esta febre de Além, que me consome,
    E este querer-justiça são Seu nome
    Dentro em mim a vibrar.
    E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
    Em minha face calma.
    Cheio de Deus, não temo o que virá,
    Pois, venha o que vier, nunca será
    Maior do que a minha alma!

    O poema ʺGladioʺ foi publicado anteriormente em ʺAlguns Poemasʺ (Sacadura Cabral, Gladio, De um Cancioneiro), Athena, n.º 3, Dezembro de 1924, pp. 81-88. Para além de diferenças ortográficas, esta publicação apresenta a correção de uma gralha da primeira, lendo-se no início do terceiro verso da segunda estrofe ʺE esta febre de Alémʺ. Foi também incluído no livro Mensagem (Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934), sob o título ʺD. Fernando, Infante de Portugalʺ, com diferenças ortográficas, de pontuação e ao nível do emprego das maiúsculas, lendo-se no terceiro verso da primeira estrofe ʺem honraʺ em lugar de ʺem genioʺ.